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4 de setembro de 2011

TEMA DE REDAÇÃO


Disse Sartre: "O inferno são os outros..."

Sim, é verdade, é infernal saber...
-que existe sempre algo além de minhas capacidades, de minha forma de ver, entender, viver.
- ter que me reportar a um outro que não eu.
- ter que conviver com outros que vez ou outra me surpreendem, impedindo-me de ter o mínimo controle de uma ou outra situação.
- saber que eu além de tudo isso dependo destes outros. Que eu sozinho não sou nada, nem ao menos posso ser, é o outro e sempre o outro que me dirá o que sou.
- saber que até mesmo quando dizem o que não sou, preciso do outro para me compreender e me reafirmar como eu queria ser e como tenho sido.
-depender tanto do outro ao ponto de não existir de fato se não fosse um outro alguém que me colocasse na existência. Seja orgânica, cultural, social, ou em qualquer outro grupo, sempre, sempre dependerei de um outro.

Por outro lado, é celestial...

-saber que é outro quem me da a possibilidade de poder, de existir, de viver, de amar além de mim mesmo.

A diferença entre céu e inferno estará apenas na forma de me relacionar com os outros. Isto sim pode ser um céu ou um inferno. Não é nem tanto a forma de ver o mundo, de compreender as relações inter-poessoais, ou um jeito de perceber as coisas. São as próprias relações estabelecidas e suas propriedades conscientes e inconscientes que irão dar uma sensação de celestial ou de infernal.

-O outro pode ser infernal quando pega no meu pé por erros meus que nunca consegui superar, mas também pode ser celestial quando me dá novas oportunidades de mudança, mostrando-me às vezes ferramentas que tenho, ou que preciso ter, para uma melhora em minhas dificuldades.
-O outro pode ser infernal quando me critica e me julga sem compreender minha história, minhas dificuldades, minhas lutas interiores (as mais terríveis, diga-se de passagem), e também pode ser igualmente, ou as vezes até mais infernal, quando simplesmente me aplaude, sem ver meus esforços, ou sem ver a minha pessoa, valorizando apenas aquele momento.

A qualidade do que é bom ou ruim nem sempre é tão visível como imaginamos.